sábado, 26 de setembro de 2015

RN teve aumento de 122% de mortes de pessoas em confronto com PMs


RN registrou uma média de seis pessoas mortas, por mês, em confrontos com a Polícia Militar


Por Saulo de Castro
Número de mortes dobrou entre 2013 e 2014 (Foto: Wellington Rocha/PortalNoAr)
Número de mortes dobrou entre 2013 e 2014 (Foto: Wellington Rocha/PortalNoAr)
O número de pessoas mortas em confronto com policiais militares mais que dobrou no Rio Grande do Norte. Em 2013 foram 31 contra 69 em 2014, um aumento percentual de 122%. Os dados são da Coordenadoria de Informações Estadísticas e Análises Criminais (Coine), órgão ligado a Secretaria de Segurança Pública (Sesed).
De acordo com as estatísticas do Coine, o RN registrou uma média de seis pessoas mortas, por mês, em confrontos com a Polícia Militar. Segundo o analista criminal Ivênio Hermes, a estimativa é de que em 2015 esse número aumente para 71, um crescimento percentual de 1,04% em relação a 2014.
Para o analista criminal, a principal causa desse crescimento está na formação dos policiais militares. “Ainda na academia, os policiais são treinados para responder com força exacerbada”, analisou.
Outro fator significativo é a falta de manutenção do efetivo policial em detrimento do aumento progressivo da criminalidade. Ivênio observa que há uma tendência de que os PMs saiam para as ocorrências com um sentimento de vulnerabilidade ainda maior, respondendo à violência com mais violência.
“Em sua formação o policial militar aprende que a arma é sua ferramenta de trabalho, quando na verdade é apenas um instrumento de defesa, que deve ser utilizado apenas em circunstancia extrema”, orientou.
O analista criminal observa ainda a necessidade de formar um policial que se enxergue como membro dos direitos humanos e um prestador de serviços à sociedade.
Especialista diz que formação é um dos fatores para o aumento de mortes (Foto: Alberto Leandro)
Especialista diz que formação é um dos fatores para o aumento de mortes (Foto: Alberto Leandro)
Militarismo
Para o presidente do Conselho dos Direitos Humanos do RN, Marcos Dionísio, a raiz da formação policial está no militarismo e isso por si só é uma resposta clara aos números de mortes em confrontos com PMs. Segundo ele, é preciso haver um aperfeiçoamento na formação desses policiais e um maior monitoramento por parte do Ministério Público com relação a ação desses profissionais.
Outra questão de caráter ideológico, segundo ele, é de que existe uma chancela de que o agente de segurança pública deve vingar a sociedade. Para ele, há uma espécie de estímulo da própria sociedade que enaltece determinados tipos de comportamentos violentos como resposta definitiva à violência.
“O Brasil e as policias devem fazer adequações aos regimes disciplinares adaptando a atividade policial às normas da Organização das Nações Unidas (ONU) para o uso das armas de fogo e da força”, aconselhou.
De acordo com o major Castelo Branco, relações públicas da Polícia Militar, a formação dos PMs é baseada nos princípios do direitos humanos, do urso progressivo da força e das técnicas de defesa.
No entanto ele pondera que existe uma tendência de maior agressividade tendo e vista a ação cada vez mais ousada dos criminosos. “O policial é treinado para garantir a segurança e o bem estar da população, mas ele também é preparado para se defender a em muitos casos o uso extremo da força é inevitável”, declarou.
Baixo efetivo
Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos diz que policiais precisam de formação mais humanitária
Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos cobra formação mais humanitária (Foto: Alberto Leandro)
Entre os representantes das forças de segurança procurados pela reportagem do portalnoar.com é unânime que um dos principais fatores que influenciam no aumento do número de morte de pessoas em confronto com a polícia militar está na falta de manutenção do efetivo.
Dados recentemente divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o RN possui um policial militar para cada 378 habitantes.
O número é o melhor do Nordeste e o sétimo do Brasil, mas está abaixo da estimativa considerada adequada pelas Organizações das Nações Unidas (ONU), para quem a segurança do cidadão deve vir na proporção de um policial para cada 250 habitantes.
Quando se considera a proporção de policiais civis, a estimativa se amplia. Para cada grupo de 1.749 potiguares, há um policial civil. É o terceiro índice do Nordeste e o 12º do Brasil. No Brasil, há um policial militar para cada grupo de 473 pessoas e um civil para cada

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