Valério Mesquita
Mesquita.valerio@gmail.com
O exercício perene da conservação deve
ser revelada em todos os seguimentos da atividade humana. Seja pública
ou privada. Como navegar – conservar é preciso. A conservação dos bens
administrativos, culturais, patrimoniais, econômicos, morais, de uma
sociedade dignifica a própria condição de humanidade. Os ativismos do
processo da atual gestão pública de muitos prefeitos e governadores, têm
induzido manter a estrutura urbana e suburbana das cidades em completo
descaso e predação incessantes. É raro o gestor público que recupera
obra herdada do seu antecessor. O prejuízo é contundente para a família e
a comunidade. Seria inveja mórbida? Monocratismo perverso, porque não
está ali refletido o seu ego?
O ser humano está em constante evolução
como tudo no planeta e no universo. Mas, o que existe de bom e de bem,
em favor da sociedade, e ainda de belo, de amor à vida, não pode ser
desdenhado. Tapar buracos em ruas e estradas; conservar as escolas e os
hospitais, deixando-os aptos a prestar os seus serviços; conservar as
ruas limpas, iluminadas, abastecidas com água e gás; conservar,
restaurando o patrimônio histórico da cidadania popular dos seus
casarões; conservar a conquista da ética, dos direitos individuais,
lembrando o passado com gratidão, alegrando-se com o presente e
encarando o futuro sem medo; conservar as crenças cristãs principalmente
aquelas nascidas do Novo Testamento; conservar a natureza, as praças e
os jardins que os outros construíram é sempre preferível essa conduta do
que o mito administrativo de ser único.
Não sou conservador, nem
tradicionalista. A conservação que me refiro não é hostil às inovações
políticas ou sociais. Mas àquelas que propugnam resguardar de danos,
decadência, deterioração, prejuízo, etc., os prédios do domínio da
união, estado e municípios constituídos de edificações tombadas pelo
patrimônio histórico ou não. Observe o caro leitor, a situação das
repartições oficiais hoje, frente, fundo, verso e inverso. São
construções de vinte, trinta, quarenta anos passados. Compare com as de
outros entes federativos. Natal, que já recebe e divulga suas
potencialidades turísticas; armazena em suas ruas, praças e logradouros,
lixo, fezes, fedentina, drogas, violência e corrupção. Conservação, por
conseguinte, invertida da que se espera e se propõe.
Por fim, tudo é relativo. Tem causa e
efeito. O orçamento estadual é hoje refém do colossal tamanho da máquina
funcional, verdadeiro monstro Leviatã do qual falou o teórico político
filosofo inglês Thomas Hobbes no século XVII. Sem comentar os
desperdícios do estuário caudaloso da má gestão explícita e implícita
que sempre atormentaram os governantes de todos os níveis (de federal à
municipal), depreende-se que é difícil e distante o conserto ou reparo
da máquina. O arcabouço legalista que gerou todo esse emaranhado é um
“nó de jabá” indesatável, catimbado, mijado em cima porque foi criação
do homem, pelo homem para o homem. Fisiológico, pantagruélico,
corporativo, elitista, fome zero.
(*) Escritor.
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