Governo cede escola para ser Academia da Polícia Civil em Natal

Secretaria de Educação do Estado afirma que mudanças ainda não são definitivas

Foto: José Aldenir
Carolina Souza
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Com alto nível de evasão escolar e índices do Ideb em patamares baixos, a Escola Estadual Manoel Dantas, em Tirol, não está mais recebendo matrículas escolares. Os alunos que estudam na unidade continuarão fazendo uso do espaço físico até o final deste ano letivo, mas pertencem oficialmente ao quadro de alunos da Escola Estadual Sebastião Fernandes de Oliveira, que fica colada com a Manoel Dantas.
De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (SEEC), ainda não há definição sobre o que será feito com o prédio da Escola Manoel Dantas a partir do próximo ano. No momento, o espaço foi cedido como empréstimo à Polícia Civil, que solicitou o prédio para funcionamento de uma academia de polícia.
“Ainda não tenho autoridade para falar sobre esse assunto, uma vez que não temos nada definido sobre a utilização do prédio. Observamos que essa região da cidade está precisando de outro perfil escolar para atender a uma clientela específica e ainda vamos estudar sobre o que será feito ali. No momento, não temos nada definido. Apenas emprestamos o prédio para desenvolvimento de um projeto da polícia”, conta Betânia Ramalho, secretária de Educação do RN.
A secretária da SEEC destaca que as possíveis mudanças não colocarão em risco a situação das mais de 110 crianças que estão utilizando o prédio para as aulas curriculares.
“Qualquer decisão que tivermos será para favorecer a clientela estudantil. Não se trata de estarmos entregando o prédio para a Polícia Civil. Estamos discutindo se há condições de transformarmos a Manoel Dantas em uma escola com vocação diferenciada. Enquanto isso não acontece, os policiais estarão utilizando para sua formação e treinamento da equipe”, afirmou.
Professores e funcionários que ainda trabalham no prédio da Escola Manoel Dantas – sob a coordenação da diretoria da Escola Sebastião Fernandes – afirmam que os policiais civis estão fazendo reforma em alguns ambientes do prédio, a partir do horário em que terminam as aulas no período da manhã. No turno da tarde já não existia aula há algum tempo, situação que prova que os policiais não estão atrapalhando as atividades escolares.
Apesar disso, a indefinição do futuro da antiga escola assusta até os estudantes. Um dos alunos, com identidade preservada pela reportagem, questionou sobre o que para ele parece ser um problema. “Não sabemos se iremos estudar no prédio da Escola Sebastião Fernandes ou se seremos transferidos para outra escola. O que me deixa triste é ver que o Governo, que fala tanto em investimento na educação, está querendo permitindo que a Escola Manoel Dantas se acabe”, falou.
A Secretaria de Educação informou a O JORNAL DE HOJE que há projetos sendo discutidos, como a transformação da Escola Manoel Dantas em um Centro de Formação Profissional ou em um colégio militar, aos moldes dos que existem em outros estados do Nordeste.
“Volto a reforçar que a escola Manoel Dantas está cedida à Polícia Civil a título de empréstimo. A cessão definitiva não foi concluída. Assim como fizemos com a Polícia, temos outros prédios emprestados a outras instituições”, disse. “Não posso informar quando teremos uma resposta definitiva porque estamos no final de uma gestão, quase sem fôlego para lidar com algumas situações”, destacou Betânia Ramalho.
Sebastião Fernandes
O diretor e o vice-diretor da Escola Sebastião Fernandes, João Batista e Luiz Arrais, confirmaram que os alunos que estão utilizando as salas de aula da Escola Manoel Dantas já pertencem ao quadro da Sebastião Fernandes desde o início do ano letivo. “A única diferença é que eles estão no prédio vizinho”, conta João.
Ao todo, são 484 alunos matriculados na Sebastião Fernandes, pertencentes ao Ensino Fundamental I e II e ao Ensino Médio. “A cessão à Polícia foi feita em setembro deste ano. Eles estão com ocupação parcial, no período da tarde, apenas fazendo alguns reparos. Porém, acredito que a Manoel Dantas não tenha mais condições de funcionar como escola, devido sua deterioração física. Não existe segurança, nem investimento lá”, conta Luiz Arrais.
Sem pontos de acessibilidade, a Escola Sebastião Fernandes não tem condições de acolher em sua estrutura crianças pequenas. “Os alunos que estão na Escola Manoel Dantas são os alunos dos níveis menores, do 1º ao 5º ano. Se eles vierem para cá no próximo ano, precisaremos passar por obras de acessibilidade. Porém, a Secretaria de Educação já nos informou que esse serviço de acessibilidade será inviável e os pais temem porque ainda não sabem para onde os filhos irão”, reforçou o diretor João Batista.
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